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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Tarde demais...

Anda de um lado para o outro, lentamente, pois as pernas não querem ajudar. A silhueta bem mais magra e vestes pretas, sempre, desde que ficou viúva. O rosto marcado pelas rugas vincadas na pele e os olhos carregados pela expressão de amargura em que se tornou a sua vida.

Se há alguns anos lhe dissessem que, depois de cinco anos a tomar conta do marido acamado, e depois de ficar viúva, aos oitenta anos ainda ia ter que olhar pelo filho doente que a mulher “não quis”, certamente teria enlouquecido logo. Pensaria que não merecia tamanho castigo. E não! Mas a vida é madrasta e foi o que lhe reservou, ver o filho aos seus cuidados.

São dois olhares de solidão, tristeza e amargura. Mãe e filho.

Como consegue esta vida ser tão injusta com dois seres inocentes, que o maior pecado que cometeram foi terem um coração grande demais?

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