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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Façam silêncio

Numa altura de agitação social e política que atravessa o nosso país, o silêncio é cada vez mais raro e mais precioso. 
São os políticos que não se calam, são os protestos nas ruas, buzinadelas contra o Estado, manifestações, as vozes da oposição levantam-se bem alto de forma a fazerem-se ouvir (e bem)... Rezingamos contra o Estado, contra os governantes, ex-governantes e até contra os futuros governantes, o que se reflete naturalmente, numa atitude cada vez mais negativa e pessimista dos que passam por esta situação (quase) caótica.
Ele não tem dinheiro, ela tem que fazer dieta, ao menino dói a garganta, à menina o braço, à avó os joantes e, assim, poderia continuar com uma lista interminável de queixumes que, tenho que confessar, já não consigo ouvir! Sufoca-me! Perdoem-me! Queixam-se por isto, por aquilo, pelo que têm, pelo que não têm! Esquecem-se que aqueles que vos ouvem queixar de futilidades, fazem "ouvidos moucos", não querem saber, porque estão mergulhados nos seus próprios problemas. Sim, porque (in) felizmente, todos os temos e não há como lhes escapar! E falo de problemas a sério! 
Façam silêncio, deixem gozar a ausência de som, não para sempre, mas por breves momentos. Sosseguem a voz e deixem pensar, comecem a agir e parem de gritar, cessem as ameaças, esqueçam as batalhas, calem as buzinas, desliguem as televisões, descalcem os saltos, baixem a música, silenciem os telemóveis, parem as festas, desliguem os carros, travem as motos... Façam silêncio!
Depois do descanso, de clarear os sentidos, das baterias renovadas, deixem se embalar pela melodia que escolherem para as vossas próprias vidas...
"A necessidade cada vez mais aguda de ruído só se explica pela necessidade de sufocar alguma coisa", já dizia Konrad Lorenz.

Até breve*

sexta-feira, 25 de março de 2011

terça-feira, 22 de março de 2011

Geração à Rasca!?

Há dias que ando a pensar, mas não tenho tempo de escrever!
Andei “à rasca” mas com falta de tempo...
“Geração à rasca”!! Pensei e pensei, refleti e voltei a pensar desmesuradamente se quero ser parte desta geração!



Questionei-me...
Licenciei-me? Sim!
Há quanto tempo? Quase dois anos.
Trabalho na área? Não!
Gostava? Obviamente!
Estou na casa dos 25 as 35? Sim!
Estou em casa dos pais? Não!
Ganho o que gostaria? Não!
Ganho o correspondente a um licenciado? Não!
Tenho um bom horário? Não!
Tenho fins de semana livres? Não!
Férias? Não!              
Tenho viajado? Não!

Juro que percebo a indignação dos muitos milhares de jovens (que é minha também!). Para que serve a licenciatura?! Para quê queimar os neurónios a estudar para no final a resposta ser:
-Experiência na área tem?
-Não! (Como tê-la se saí agora da faculdade? E foram mais as horas que passei sentada numa cadeira a ouvir um professor a “despejar” matéria do que os exemplos práticos que tive... Como tê-la se, antes de a ter, ninguém ma dá?)
-Obrigada, nós depois ligamos e dizemos-lhe alguma coisa.
O telefone toca e atendemos com uma esperança desesperante que do outro lado alguém nos diga “a vaga é sua, começa amanhã e tem 30 dias para mostrar o que vale”! Uauu... Consegui! Vou dar o meu melhor, vou ser a melhor, trabalhar das 9h as 18h, ter fins de semana, ganhar dinheiro para comprar um carro, vou ter férias, viajar,, ter uma "rica" vida... Sim, porque vou ter um bom salário, e o meu chefe vai ser o máximo! Vou casar, ter 3 filhos lindos a quem vou dar o melhor...
Pois... Mas, isso nem sempre acontece... Raramente acontece!! Aliás, isso acontece mesmo?

Ou pior, dão-nos a vaga, porém... o que era para ser uma coisa afinal era outra, tentamos porque queremos começar, esforçamo-nos porque temos noção que temos que "começar de baixo"... Temos noção que  nos escravizam mas no final não nos pagam! Uns trocos, o que foi prometido, uns míseros trocos para pagar a renda, num quarto alugado, numa casa com meia dúzia de pessoas, com a mobília que deixa muito a desejar... Quando assim é, claro, quando queremos pagar um quarto longe de casa, quando fazemos esforços quase sobrenaturais, quando com um part time lutamos pela nossa independência longe de casa dos pais, do conforto de ter roupa lavada e cama feita! De dormir até ao meio dia, de ir para as noitadas para "esquecer" a nossa situação!

Marcam entrevistas, mas por vezes nem sequer se concretizam! E lá vão mais uns trocos nas viagens para cima e para baixo!!

Para muitos jovens da nossa geração “à rasca” é certamente mais fácil queixar-se, cruzar os braços (ou então levanta-los para protestar) do que arregaçar as mangas e trabalhar! Sim, meus amigos porque ainda há trabalho!!
Trabalho, não é emprego (e conheço muito boa gente que tem emprego e queixa-se também)!
Até no dicionário as definições ilustram o que se pensa.
Emprego: n.m. ocupação remunerada...
Trabalho: n.m. ato ou efeito de trabalhar, exercício de atividade humana (...), esforço necessário para que uma tarefa seja realizada...

Revolta-me, se eu conseguisse traduzir a revolta que sinto em palavras, quando alguém me pergunta:
-Então já arranjaste alguma coisa?
-Estou a trabalhar, mas não é na minha área (apesar de adorar o que faço!!)
- Tens que fazer por isso Cidália, tens que fazer por isso!
- ??????
Calo-me! Eu, que raramente engulo desaforos, calo-me!
E ainda passo por “coitadinha”!!!

Eu que trabalho numa área para a qual não estudei, sim, trabalho numa loja de roupa, no shopping e orgulho-me!! Não tenho emprego na minha área (Comunicação), não por ter desistido, não por não querer, não por não gostar, não por não me esforçar... Não porque não. Não tenho, não há, o meu último nome é Monteiro, não tenho “Cunha”... Trabalho para me sustentar, trabalho porque preciso, trabalho porque tenho contas para pagar, trabalho porque não consigo ficar de braços cruzados à espera do “meu” emprego, trabalho porque fui assim educada, trabalho porque tenho que trabalhar!

Por isso faço parte de uma geração tão à rasca assim?
Pergunto aos pais, avós, vizinhos, amigos, o esforço que fizeram!! Pois, se calhar havia mais vagas no mercado de trabalho, talvez... Perguntem-lhes se casaram e tiveram filhos nos imediatos de sairem das faculdades! A maioria sim! Se tiveram salários razoáveis (bons é raro!), talvez sim. Se quando começaram a trabalhar receberam o que mereciam? A maior parte das vezes, sim!

Mas... façam perguntas que nos magoem o ego!
Perguntem se tinham um sapato para cada casaco?
Uma carteira de cada cor?
Uns brincos a condizer com a pulseira?
Um relógio astronomicamente caro?
Perfumes caros.
Iam eles para a faculdade de carro? Carro! Não uma “lata velha”! Não me parece que houvessem carros estacionados em segunda fila nas faculdades, e parques feitos propositadamente para os alunos!
Se tinham telemóveis, bem sei, na altura não haviam, e os pcs eram um luxo!
Mas nós temos telemóveis, não pela necessidade de comunicar, mas por capricho... nós queremos o melhor! Luxo, vaidade! Não dá, temos o país endividado, mas queremos mais, temos um telemóvel para fazer chamadas, e até já dá para videochamadas, tem câmara fotográfica, mas queremos mais... o nosso vizinho tem o último modelo, nós já sonhamos com o próximo, porque temos a mania que queremos ser melhores... e ser melhores, meus amigos, é ser honestos e não andarmos de costas voltadas, devíamos ser uma geração UNIDA porque temos todos os meios a nosso favor!!
Mas a barreira entre uma geração “à rasca” para uma geração “rasca” está por um fio!!

P.S. Não pretendo de modo algum ferir suscetibilidades, nem quero com este post contradizer a luta de todos os jovens que se sentem injustiçados (também sinto)! Só não consigo cruzar os braços e sair para a rua com cartazes e dizer que faço parte de uma "Geração à Rasca"! Recuso-me a fazer parte!!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

E-feito

http://e-feito.blogspot.com é o endereço do jornal on line, criado pelos alunos do 2º ano do Mestrado em Ciências da Comunicação, especialização em Jornalismo.
Apoiados pela docente da unidade curricular Laboratório de Jornalismo II, Inês Aroso, que não tem esforços a medir para que, num momento em que o mercado de trabalho está saturado, os alunos consigam ter um contacto, ainda que em tamanho muito reduzido, com a realidade jornalística!

O nome do blog surgiu em discussão numa das aulas, e significa "E" de Electrónico e "feito" que significa a produção dos conteúdos e de forma a gerar o "Efeito"...

Golfe


Em breve entrevista com João Silva Treinador de Golfe...


domingo, 3 de outubro de 2010

Lágrimas

Chove lá fora. A água que bate com força na janela reflete-se nos meus olhos...
Choro... Sinto-me desorientada, perdida de tudo e de todos.. Também tenho direito... Ponho a minha "máscara" um bocadinho de lado, faz falta... O corpo pede para libertar a dor que sente lá no fundo, que está a crescer tão rapidamente que esmaga o coração... Volto a chorar, as lágrimas caem pela cara e batem nas teclas do computador, e pensar que há uns anos o "poético" era escrever "as lágrimas caem neste papel, esborratam as cores, formando uma marca de sofrimento de tinta", por breves momentos o pensamento voou e sorri, lembrei-me de há anos atrás chorar sobre uma folha de papel, cravar sentimentos de vontade de crescer, sofrer por coisas que hoje me parecem tão pequeninas e... Hoje, choro, choro por motivos mais fortes, acho..
Olho mais uma vez a janela aberta, decorada com cortinas verdes, o dia está tão cinzento que dificilmente consigo distinguir a paisagem, ainda estranha para mim...
Acho que tenho que pedir desculpa ao coração por deixar esta dor crescer em mim... Perdoa-me!!
Até breve...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dia Europeu sem carros

Questionados na rua poucos são os que sabem que dia é hoje.
Feita a pergunta "Dia Europeu sem Carros diz-lhe alguma coisa?" a resposta pouco varia de pessoa para pessoa "Sim, já ouvi falar. Mas não sei quando é.."
"É hoje", respondo. "Hoje? não sabia!"

É desta forma que o Dia Europeu sem carros é vivido pela grande parte da população portuguesa. Uma década depois do seu início, esta iniciativa tem cada vez menos visibilidade e menos impacto nos portugueses.

Um dos objectivos principais deste dia é tentar recuperar alguma qualidade ambiental das cidades. No entanto, e ao contrário de edições anteriores, as cidades de Lisboa e Porto, hoje não fecham ruas ao trânsito.
Termina hoje a Semana Europeia da Mobilidade. Num dia em que é suposto o carro ficar na garagem, são várias as efemérides realizadas de Norte a Sul do país com vista a não deixar este dia cair no esquecimento. Cerca de 66 cidades e vilas aderiram a este projecto (dados JN).
Muitas das cidades portuguesas fizeram questão de dar outro sentido a esta semana e inauguraram os primeiros pontos de carregamento públicos da Rede Piloto MOBI.E.