Numa altura de agitação social e política que atravessa o nosso país, o silêncio é cada vez mais raro e mais precioso.
São os políticos que não se calam, são os protestos nas ruas, buzinadelas contra o Estado, manifestações, as vozes da oposição levantam-se bem alto de forma a fazerem-se ouvir (e bem)... Rezingamos contra o Estado, contra os governantes, ex-governantes e até contra os futuros governantes, o que se reflete naturalmente, numa atitude cada vez mais negativa e pessimista dos que passam por esta situação (quase) caótica.
Ele não tem dinheiro, ela tem que fazer dieta, ao menino dói a garganta, à menina o braço, à avó os joantes e, assim, poderia continuar com uma lista interminável de queixumes que, tenho que confessar, já não consigo ouvir! Sufoca-me! Perdoem-me! Queixam-se por isto, por aquilo, pelo que têm, pelo que não têm! Esquecem-se que aqueles que vos ouvem queixar de futilidades, fazem "ouvidos moucos", não querem saber, porque estão mergulhados nos seus próprios problemas. Sim, porque (in) felizmente, todos os temos e não há como lhes escapar! E falo de problemas a sério!
Façam silêncio, deixem gozar a ausência de som, não para sempre, mas por breves momentos. Sosseguem a voz e deixem pensar, comecem a agir e parem de gritar, cessem as ameaças, esqueçam as batalhas, calem as buzinas, desliguem as televisões, descalcem os saltos, baixem a música, silenciem os telemóveis, parem as festas, desliguem os carros, travem as motos... Façam silêncio!
Depois do descanso, de clarear os sentidos, das baterias renovadas, deixem se embalar pela melodia que escolherem para as vossas próprias vidas...
"A necessidade cada vez mais aguda de ruído só se explica pela necessidade de sufocar alguma coisa", já dizia Konrad Lorenz.
Até breve*
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