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segunda-feira, 14 de junho de 2010

"O voo do pássaro"


Tive conhecimento deste texto hoje, na minha formação. Gostei tanto que decidi publica-lo. Devíamos todos parar e reflectir nestas palavras e no futuro no nosso país...
De Pacheco Pereira, "O voo do pássaro":

"Se eu sair daqui e andar sempre a direito, por montes e vales e estradas, a voo de pássaro, até ao mar, o que encontro é um retrato de Portugal bem triste e sinistro, que se agrava todos os dias, numa obra de destruição em que muitos portugueses estão activamente empenhados, perante a complacência e colaboração activa do Estado e das autarquias, em nome de um "progresso" que pouco mais significa que dinheiro, egoísmo e vistas curtas. Eu voo daqui, mas podia voar dali que o resultado não seria muito diferente. Infelizmente, o caminho é quase sempre igual. Voando por cima de Portugal, percebe-se a realidade dolorosa da nossa condição de país atrasado, pobre, inculto, sem margem para dúvidas.

Começo. Caminhando pelo ar, a direito, passo por uma ETAR (estação de tratamento de águas residuais) que começou a ser feita num local, depois verificou-se que havia um erro de localização e construção, e mudou-se para outro. Parece que a consistência das terras impedia a construção. Responsabilidades? Nenhumas. Depois, a mesma ETAR, que devia funcionar há muito, não está a funcionar, os esgotos correm em campo aberto perante a indiferença generalizada, com excepção dos mosquitos e moscas. Depois, terrenos que estão nos planos como sendo do domínio agrícola, povoam-se de barracões e casas de habitação e veraneio, construídas ao modelo maison, térreas com colunas e pórticos, felizmente menos horríveis do que o mesmo tipo de casas de emigrante de há uns anos. Ao lado, caem aos bocados casas, adegas, lagares, currais, que seriam na América antiguidades protegidas, com as suas cantarias de pedra, as suas portas de arco, a ocasional estátua escondida num nicho, e cem ou duzentos anos de convívio com o que está à volta, numa acomodação que não existe a não ser pelo tempo. Mas não estamos na América, somos um povo mais velho, logo podemos estragar à vontade. Aldeias. Actividade económica? Nula. Ou quase. Cafés, com a Sport TV e gente falando muito alto. Alcoolismo. Restaurantes, como se imagina. Velhos. Cada vez mais velhos. Farmácias. Único emprego para os jovens que os faz fugir da escola e alimentar a estatística do abandono escolar: construção civil. Muitos jipes, carros, motas. Anúncios de discotecas, bares, cada vez mais. Os movimentos pendulares de carros pela noite, prenunciando o tráfico de droga.

Depois ruínas, de quintas, lagares, fabriquetas, de vinhas, de zonas de cultivo de tomate, de campos de oliveiras, ruínas da agricultura portuguesa. Algumas árvores resistem, umas ardidas nalgum passado incêndio, outras atoladas na sua solidão, sem bosque. Apenas árvores que ficaram, até alguém as cortar, ou plantar eucaliptos ou incendiar de novo. A seguir, um pequeno ribeiro assoreado, cheio de lixo, mal passando por entre canaviais amarelecidos pelo pó da estrada. Depois uma enorme área de restaurante para "bodas e festas", brilhando de novo, enorme parque para estacionamento e o mesmo estilo de casa-maison, pórticos, colunas, com os reclames dos gelados encostados e máquinas onde se apanham ovos de plástico a gancho. Mais lixo, garrafas de plástico, pó.

Uma estrada perigosa, tão perigosa que tudo quanto é aglomeração exigiu um semáforo que mostra o vermelho quando se ultrapassa 50 quilómetros. Pensam que um basta, ou um de quilómetro a quilómetro? Engano. Como o meu vizinho tem um à porta e eu não tenho nenhum, também quero. Os semáforos sucedem-se uns aos outros, colados entre si, num desperdício tão habitual que já ninguém nota. Milhares de sinais, de stop em estradas sem trânsito, de sentidos proibidos em locais onde é improvável proibirem alguma coisa, milhares de sinais mas nenhuma verdadeira indicação de direcção com continuidade. Começa e depois, na próxima bifurcação, por onde viro? Não sei, a terra sumiu a auto-estrada, a localidade que havia lá atrás já não há. Deve ser de haver muitas rotundas, com monumentos no meio, ou fontes. Vários locais de venda e exposição de automóveis usados, crescendo como cogumelos, no meio de urbanizações rápidas, com o entulho da terraplanagem deitado ao lado. Ah! Esqueci-me de vários montes de entulho de construção pelo caminho. Depois, cheira. Não cheira a campo, ao estrume, ao saudável estrume, mas ao cheiro intenso e acidulado das pecuárias, que se cola às casas, aos corpos, que obriga a fechar as janelas, não apenas incómodo, mas insuportável. Depois casas, de todas as formas, de todos os feitios, por todo o lado, completas, incompletas, antigas e novas, as novas todas iguais, com os seus relvados quase artificiais e piscinas, exigindo toda a água do mundo para apenas ficar vagamente verde. As antigas caindo, pouco a pouco, sem gente nem função, com letreiros de imobiliárias, "Vende-se".

Mais à frente, uma pedreira rasga uma série de colinas, o contraforte de uma montanha. "Rasga" é a palavra certa, crescendo para todos os lados numa mancha amarela entre o verde, deformando a cumeeira da serra, partindo-a a meio, mostrando-se como o mais saliente objecto para muitos quilómetros em redor. De repente, tudo o que é cimo do monte, que já tinha uma antena de telemóvel, começa a ter moinhos de vento modernos. Não são o que mais afronta, na sua elegância branca, mas como é que se passa do nada a tantos, de um momento para o outro? A paisagem vai ficando saturada de antenas, moinhos, postes de luz, candeeiros, fios diversos. O caos que tudo envolve é perceptível. A ordem é o caos, porque se percebe que quem quer fazer alguma coisa faz, independentemente de outros direitos e outros valores e do futuro das terras. Quem não quer muda-se. Para onde? A única verdadeira fábrica que está em acção é a da produção de fealdade, a do Portugal feio. E não me venham com a história de que este olhar de pássaro é passadista e hostil aos "melhoramentos" ou ao "progresso económico". Todos, quase todos eram possíveis, são possíveis, sem esta destruição da qualidade de vida, da vista, da paisagem, do equilíbrio natural e mesmo do equilíbrio artificial. Quantas pedreiras neste país foram recuperadas como é suposto? Por que razão é que as suiniculturas, não cumprem a lei, não tratam os seus detritos e provocam mau cheiro? Como é que se pode permitir a contínua violação do terreno classificado como agrícola, para alargar áreas de construção, ou fazer casas onde cada um quer? Quem autoriza a proliferação de stands de automóveis junto das estradas? Quem enxameia tudo de "mobiliário urbano" e rotundas sem ter o saneamento ligado?

Há um problema de pobreza, hoje mais de remediamento, mas está longe de ser uma questão de dinheiro porque se esbanja e muito. É em parte um problema de economia porque a economia paralela, à margem dos impostos e da lei, continua a ser apreciada como escape para a outra, que não existe, ou não sobrevive nesta ecologia pantanosa. Mas acima de tudo são literacias que estão em causa, mais do que cultura ou dinheiro. É uma mínima percepção, inclusive económica, de que isto é um péssimo negócio para todos, mesmo que seja vantajoso a curto prazo para alguns.

Como em tudo, é também o poder que conta, o que tem os que destroem e o que não é usado pelos que podiam impedir as destruições. Há de facto algumas melhorias reais, há mais escolas, mais bibliotecas, mais equipamentos culturais, nalguns casos gigantes e subutilizados, mais hospitais, mais serviços a nível local e regional, melhor comércio de massas, mais acesso a determinados bens e mais dinheiro para os adquirir. É verdade. Mas é uma gota de água no caos, na fealdade, que cresce exponencialmente. Voando a voo de pássaro é impossível não ver."

quarta-feira, 9 de junho de 2010

JÁ NINGUÉM CALA AS VUVUZELAS

Ainda há poucas semanas eram desconhecidas, não se falava nelas, não faziam barulho pelas ruas, não incomodavam ninguém, os miúdos não brincavam com elas nos jardins ou dentro de casa a enlouquecer os vizinhos.
São de plástico, as originais tem cerca de um metro de comprimento, podem ser de todas as cores, e para toca-las é preciso colocar os lábios dentro do bocal e faze-los vibrar para que o ar, ao sair, faça eclodir o som.
Uma espécie de corneta usada pelos sul-africanos durante os jogos de futebol, é assim, quase um símbolo de África, que se tornou no fenómeno do momento a nível mundial.
Falo das famosas vuvuzelas, que passaram de um mero instrumento desconhecido (para a maioria de nós), para o passeio da fama, já todos as conhecem, ouviram falar, mas poucos as suportam e as ousam tocar! Infelizmente a população portuguesa já se familiarizou com a sua melodia desconcertada.
O nome dado a este instrumento é duvidoso, há quem considere que deriva das palavras Zulu (fazer barulho) + Vuvu (som que faz).
Amem-nas ou odeiem-nas, mas as Vuvuzelas são instrumento de apoio à nossa seleção no Mundial 2010.
Este instrumento necessita de uma aprendizagem para ser tocado, dizem que não é tão fácil de tocar como parece. Por isso, Mabhuti, o conhecido futebolista sul-africano, esteve no nosso país para ensinar os portugueses a toca-la.
Criam-se grupos “anti-vuvuzelas”, o comité organizador do Mundial 2010 e a FIFA pediram aos adeptos para moderarem o uso excessivo deste objeto, mas já ninguém as cala! Mas o controverso da questão é que já (quase) ninguém as consegue ouvir...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Prémio Jornalismo 2010

Estão abertas as candidaturas ao Prémio de Jornalismo UE 2010 sobre discriminação.
O concurso é dirigido a jornalistas que escrevam sobre questões de discriminação ou diversidade por motivos de origem racial ou étnica, religião ou crença, idade, deficiência e orientação sexual. Todos os trabalhos devem ter sido publicados num meio de comunicação social impresso ou online, com sede de redacção num dos 27 Estados-Membros da UE.
Um concurso de dimensão europeia, cujo prémio pode ser até 5 mil euros.
O prazo termina a 17 de Setembro de 2010 e a candidatura deve ser feita aqui.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

25 really really stupid facts about social media

Vale a pena ver..
25 coisas estúpidas na internet! E não só..

terça-feira, 1 de junho de 2010